O vento ainda soprava forte, ecoando ruídos que fazia ao passar pelas folhas secas. Era uma tarde fria de outono, e a hora do crepúsculo chegava.
Sentada dentre as folhas secas e a grama úmida, ela olhou para o céu imaginando onde ele acabaria e desejando voar com as nuvens, ela adormeceu.
Acordara tempos depois e percebeu que as estrelas já eram visíveis e a lua cheia iluminava o jardim escurecido pela noite. Levantou-se ainda sonolenta, procurando por seus óculos e viu que não havia estado sozinha durante o sono: ''Flich, meu companheiro'', murmurou. O gato de pêlos brancos e macios levantou. Com cuidado, ela o agarrou em seus braços e andou em direção à velha casa branca, com janelas e portas de madeira.
A casa parecia mais sombria ao lado de dentro.
- Onde esteve? -ouviu-se uma voz feminina e rústica.
- No jardim; olhava as estrelas. -respondeu.
Ao perceber que não haveria mais respostas ela caminhou até as escadas e as subiu tropeçando duas, ou três vezes.
Ela deixou o gato em sua porta e entrou no quarto. Ainda com as luzes apagadas, ela caminhou até a janela e voltou a admirar o céu e a forma com que as estrelas mesmo distantes pareciam estar juntas. No canto da janela havia um pequeno vidro com espuma, ela soprou algumas bolhas de sabão e pediu para que elas voassem além das estrelas, e além do infinito, e que voltassem quando encontrassem a felicidade, e a trouxesse dentro de sua esfera.
Ela olhou por alguns segundos as pequenas bolhas serem levadas pelo vento, e depois sentou-se na cama.
Flich, que olhava atentamente para sua dona, andou e pulou sobre seu colo, miou uma vez e fechou seus grandes olhos, como se ali estivesse encontrado seu alicerce.
Passando a mão sobre o pelo macio do gato, ela disse: '' Não me abandone, pequeno companheiro '' e uma lágrima escorreu em tua face.